Prezado (a) senhor (a):
Segue mensagem do Pe. Lima:
Prezados Amigos,
Aí vai a crônica do Sínodo do dia de hoje, 09 de Outubro. Um abraço,
Roma, 09 de Outubro de 2012
Pe. Luiz Alves de Lima, sdb
Roma, 09 de Outubro de 2012
Pe. Luiz Alves de Lima, sdb
Atenciosamente
Notícias
do Sínodo dos Bispos 03 - Pe. Lima
QUASE
50 DISCURSOS NUM DIA...
Conforme a programação do Sínodo, este terceiro e parte
do quarto dia são destinados aos comentários a respeito do documento Instrumento de Trabalho. De fato, a
finalidade deste texto, é recolher toda a discussão feita anteriormente,
através de consulta às Conferências Episcopais, e levantar alguns problemas
relacionados ao tema central.
Foi o que aconteceu hoje quando,
cerca de cinquenta oradores (cardeais, arcebispos e bispos) se inscreveram para
comentar algum aspecto do Instrumento de
Trabalho. Cada um tinha cinco minutos para falar, usando uma das 5 línguas
oficiais, e todos, na Assembléia, acompanhavam com o texto do pronunciamento em
mãos e tradução simultânea, para quem desejasse. Cada orador tinha apenas 5
minutos para falar, após os quais o microfone era desligado...
Ficar ouvindo tantos oradores e em cinco
línguas diferentes, é um trabalho muito cansativo. Mas o próprio Regulamento do Sínodo assim se expressa:
"pode parecer enfadonho ter que escutar em vários dias tantos discursos.
Mas, na realidade, trata-se de uma escuta muito útil para alimentar a
colaboração e a amizade entre todos, para obter, da variedade de falas, os
elementos comuns, os problemas mais importantes e as questões que mais
preocupam os responsáveis pela Evangelização em todo o mundo. O trabalho em
comum exige paciência" (Art. 38 d).
Antes de começar o debate, houve a
constatação da presença, uma espécie de "chamada", mas num sistema
eletrônico super prático e rápido. Constatou-se que estavam presentes 255
"Padres Sinodais". Nesse número não estão os outros mais de 150
participantes considerados peritos ou secretários, os ouvintes, os convidados
especiais e todo o pessoal auxiliar e técnico.
Um dos primeiros a falar foi o Card.
Rino Fisichella, presidente da Congregação para a Nova Evangelização,
recentemente fundada pelo Papa Bento XVI. Ele denunciou o modo de viver de
muitos católicos que não expressam a novidade do Evangelho, às vezes um modo
burocratizado de viver a fé e os sacramentos; "muitas comunidades parecem
cansadas, repetindo fórmulas sem sentido que não comunicam a alegria do
encontro com Cristo e estão em dúvida a respeito do caminho cristão a ser
percorrido... Devemos redescobrir a força do anúncio de Cristo Ressuscitado do
qual somos testemunhas, sem deixar-nos sufocar pelas estruturas".
Houve uma variedade de propostas:
muitos insistiram no valor da humildade, para que o anúncio do Evangelho seja
eficaz: "nova evangelização exige nova humildade"; outro falou da
importância do Espírito Santo na obra evangelizadora e propôs consagrar o mundo
o mundo a Ele no final do Ano da Fé. Houve quem chamou a família de
"fronteira decisiva da Nova Evangelização", ou reduziu a
evangelização quase como uma formação
permanente... Outro chamou a atenção para a "emergência
educativa", afirmando: "não podemos evangelizar se não educamos e não
educamos se não evangelizamos".
Alguns apresentaram experiências
eficazes de evangelização, como o acompanhamento espiritual das mães grávidas,
também como preparação para o futuro batismo da criança, a distribuição
abundante da Bíblia, ou partes dela, a êxito da pastoral da entronização da Bíblia nas casas dos
fiéis e posterior acompanhamento, a riqueza da Leitura Orante da Palavra de
Deus, etc.
Seguindo uma tendência em várias
partes da Igreja, um orador pediu que a Igreja Romana seguisse o exemplo da
Igreja Oriental Católica, que celebra o sacramento do Batismo juntamente com a
Confirmação, deixando a Eucaristia para o ápice e a conclusão do processo de
iniciação à cristã, numa idade bem mais avançada (após os 15 anos), quando a/o
jovem está mais apto/a para receber tão
grande Sacramento.
O tema da iniciação à vida cristã e necessidade do primeiro anúncio foi muito defendida por um bispo mexicano, que já
foi o encarregado da catequese na América Latina. Entre os convidados para o
Sínodo está o fundador das Escolas de
Santo André, de grande êxito no México e em outras parte da América Latina,
inclusive no Brasil. Tal escola se dedica a formar novos evangelizadores,
preocupando-se sobretudo com o primeiro
anúncio.
Outros assuntos tratados, entre
tantos, foram: a centralidade da Pessoa de Jesus Cristo na Evangelização e o
encontro pessoal com Ele, a força evangelizadora da devoção a Nossa Senhora, e,
em geral, da religiosidade popular, as necessidades antropológicas às quais a
Evangelização deve responder, a necessidade de dinamizar a vida das Paróquias,
a urgência de renovar a formação presbiteral para termos bons evangelizadores
na Igreja. Acentuou-se também a necessidade, para aqueles que anunciam a
Palavra de Deus, de fazerem ressoar na própria vida a Palavra que pregam aos
outros, particularmente os religiosos e sacerdotes: primeiro viver a Palavra,
para depois pregá-la.
Entre os oradores, apresentou-se um
representante da Federação Luterano
Mundial, elogiando essa iniciativa do Sínodo em se debruçar sobre o tema da
nova evangelização e afirmando o grande valor do Catecismo da Igreja Católica que, segundo ele, se aproxima muito
daquele de Lutero... Outro visitante ou convidado fraterno foi o presidente da Sociedade Bíblica Internacional que
muito se alegrou com a Verbum Domini (documento
do Sínodo anterior sobre a Palavra de Deus). Entre esses convidados fraternos
está também o representante das célebres Comunidades de Taizé, de raiz
luterana, mas muito próximos da Igreja Católica e que atraem muitos jovens.
O último discurso do dia foi do
Card. Ouelet, que durante 35 minutos falou da recepção e dos efeitos que
tiveram em toda a Igreja a exortação apostólica sobre a Verbum Domini do Sínodo anterior. Mostrou que a nova evangelização
tem como primeiro instrumento a Palavra de Deus vivida pelos cristãos que devem
dar testemunho dela na própria vida e também a própria Palavra de Deus nas
Escrituras. O tema da nova evangelização é
uma consequência lógica do tema da Palavra
de Deus.
O dia terminou com um pré-lançamento
de um grande filme-documentário sobre o Concílio Vaticano II com imagens
inéditas de cinquenta anos atrás, que foi muito aplaudido pelos participantes
do Sínodo. Tal filme, a ser lançado oficialmente no dia 11 de Outubro, em que
se celebram os 50 anos do Concílio, será muito útil para aqueles que não têm
nenhum conhecimento, ou conhecimento apenas teórico, desse que foi o maior
evento da Igreja Católica no século XX, e talvez, de toda a bimilenar história
da Igreja.
Os quase 50 discursos acima acenados
encontram-se na internet, no mesmo endereço que ontem aqui deixei: http://sinodo2012.wordpress.com/?blogsub=confirming#subscribe-blog
Roma, 09 de Outubro de 2012.
Pe. Luiz Alves
de Lima, sdb.
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Notícias
do Sínodo dos Bispos 02 - Pe. Lima
PRIMEIRA
E SEGUNDA SESSÕES
Hoje, 08
de Outubro, pela manhã realizaram-se as 2 primeiras sessões. Teve início com a
récita da Hora Média (Tercia), cujo
hino foi substituído pelo Veni Creator
Spiritus, cantado em gregoriano pela Assembleia, acompanhado por coral a 4
vozes. Pode parecer estranho, mas é o
único momento de oração em comum durante o Sínodo, pois a Missa e demais
orações (laudes e vésperas) são rezadas nas casas onde cada um se hospeda. A Santa
Eucaristia foi concelebrada por todos participantes do Sínodo somente ontem na
Abertura; uma outra será no dia 11 comemorando os 50 anos do Concílio Vaticano
II e os 20 anos do Catecismo da Igreja
Católica, e uma última no encerramento. Também as refeições, exceto o cafezinho (abundantíssimo...) da manhã e
da tarde, são feitas também nas residências de cada um.
Após a
leitura breve da Tercia, Bento XVI,
que preside as sessões, fez uma bela homilia, falando ex abundantia cordis, ou seja, improvisamente e sem nenhum texto em
mãos. Durante 15 minutos falou do significado da palavra evangelização e
evangelizar na cultura antiga e no Novo Testamento, e principalmente em São
Lucas que anunciando o nascimento de Jesus, descreve-o como o nascimento do
verdadeiro imperador que vem trazer uma Boa Nova de Salvação, de Redenção; é a
presença de Deus no hoje de nossa vida.
Para
ilustrar como essa Boa Nova pode ser anunciada aos homens de hoje, recorreu ao
hino da hora tercia "Nunc,
sancte, nobis, Spiritus, unum Patri cum Filio....". A Igreja não começou
com uma reunião, concílio ou sínodo... mas com Pentecostes, com a ação do
Espírito Santo, e não haverá Nova Evangelização sem um novo Pentecostes. Deus
continua falando aos homens hoje, e nós somos apenas colaboradores: é uma ação teândrica (de Deus e dos homens). A
segunda estrofe desse hino fala em confissão
da fé e não simples profissão de fé.
A confissão de fé implica nosso
envolvimento, nosso testemunho, disponibilidade. Ela deve estar, como diz o
hino, em nossa boca, língua, mente, sentidos, vigor... ou seja, a fé deve ser
confessada na vida plenamente: além do coração,
deve passar também pela mente, ser iluminada pela inteligência (mens.... teologia). Os santos padres
diziam que a fé, a Palavra de Deus pode ser saboreada até pelos sentidos (sensus, vigor).
A outra
coluna da evangelização é o amor (cáritas)...
o hino fala de fogo, paixão. O
próprio Jesus disse que veio trazer fogo à
terra: a fé é chama de amor que
acende todo nosso ser para comunicá-la aos outros. A realidade e o símbolo do
fogo aparecem em todas as culturas. Lucas fala do fogo de Pentecostes: é o
Espírito que aquece e faz entender todas as coisas. Ao final o hino de tercia pede que esse fogo do Espírito
que arde em nossa fé torne-se visível ao mundo... Não haverá evangelização sem
esse fogo do Espírito que arde no coração de cada evangelizador.
Houve, a
seguir, uma saudação ao Papa pelo Presidente Delegado do dia, Card. John Tong Hon, Bispo de Hong Kong (China) que
falou em latim. Aliás, todas as grandes conferências desse dia foram em latim
(sempre com tradução simultânea), e isso foi criticado por muita gente, pois
pouquíssimos, mesmo na cúpula da Igreja, estão habituados a essa língua oficial
da Igreja, fora das orações tradicionais... O cardeal chinês relatou
experiências de nova evangelização em Hong Kong, a partir das três categorias
do Novo Testamento: didaqué, koinonia e diakonia.
Seguiu-se a primeira
relação (primeira grande conferência), pelo Secretário Geral do Sínodo, Dom
Nicola Etérovic. Em primeiro lugar, apresentou os números oficiais dos
participantes do Sínodo: 182 padres sinodais, dos quais 172 eleitos pelas
Conferências Episcopais e 10 pela União dos Superiores Gerais. Dos outros, 40
foram eleitos pelo Papa, 37 participam ex
officio (possuem cargos na Cúria Romana) e 3 designados pelas Igrejas
Católicas Orientais. De todos esses, 6 são patriarcas, 49 cardeais, 3
arcebispos maiores, 71 arcebispos, 120 bispos e 14 sacerdotes. Fazem parte
também do Sínodo: 20 delegados fraternos representantes
de igrejas e comunidades eclesiais que partilham conosco, católicos, as
preocupações pela Evangelização. Compõem ainda o Sínodo: 45 especialistas e
consultores, 49 ouvintes (mulheres e homens) e um inúmero batalhão de
assistentes, técnicos, tradutores e colaboradores da Secretaria Geral. A
seguir, falou das atividades da Secretaria Geral, principalmente na preparação
dessa XIII Assembleia (redação dos Lineamenta
e do Instrumento de Trabalho).
Na segunda parte da manhã, o Relator Geral do
Sínodo, Card. Donald William Wuerl, arcebispo de Washington, apresenta a Relação antes das discussões, ilustrando
o tema do Sínodo. Desenvolve esses pontos: 1) O quê e Quem proclamamos: a Palavra
de Deus; 2) Recursos recentes para ajudar-nos nessa tarefa; 3) Circunstâncias
especiais do nosso tempo que justificam esse Sínodo; 4) Elementos da Nova
Evangelização; 5) Fundamentos Teológicos da Nova Evangelização; 6) Qualidades
dos novos Evangelizadores e 7) Carismas
da Igreja hoje requeridos no exercício da Nova Evangelização.
Após o almoço, foi feita uma reunião com os
secretários e distribuidos os trabalhos que cada um deve fazer; a mim foi
confiado o tema do "ministério da catequese e sua possível
institucionalização na Igreja", tema que o Instrumento de Trabalho pede para ser discutido no Sínodo. Na parte
da tarde, cinco palestrantes, durante 10 ou 15 minutos, usando uma das cinco
línguas oficiais (italiano, francês, espanhol, alemão e inglês) falaram da
situação da evangelização em cada um dos cinco continentes.
Chamou a atenção a palestra do Card. Péter Erdö sobre
a Europa: relevou a "perda da memória da herança cristã" nesse
continente, com a consequente descristianização galopante, seguida de
hostilidade e de violência contra os cristãos em quase todos os países!
Referiu-se aos "direitos humanos de terceira e quarta geração... que já
não possuem laços com a visão humana e cristã do mundo nem com a moralidade
objetiva expressa nas categorias do direito natural". Por outro lado, tal
situação de crise religiosa unida à crise econômica e ao envelhecimento da
população, faz surgir uma "fome e sede de esperança" às quais o cristianismo pode dar grandes respostas.
Pelo Continente Americano falou o Arcebispo
Dom Carlos Aguiar Retes (Chile), desenvolvendo esses temas: 1) O grande
desafio: mudança de época e ruptura cultural; 2) Nova Evangelização exige
comunhão eclesial; 3) Um caminho incipiente e cheio de esperança na América
após o Concílio (de Medellín a Aparecida); 4) Os protagonistas da Nova
Evangelização (destaque para os leigos e a família); 5) Pontos cardeais da Nova
Evangelização: conversão pastoral e mudança de mentalidade, vivência litúrgica
e pastoral orgânica de participação e comunhão. Conclui dando relevância ao Catecismo da Igreja Católica e Compêndio da Doutrina Social da Igreja,
à vida de discípulos e aos programas e processos de formação cristã, sobretudo catequese, através de caminhos
mistagógicos.
A última hora do dia foi reservada a intervenções livres.
Sobressaíram os representantes do Oriente Médio e da África falando do
sofrimento dos cristãos nessas regiões, sobretudo devido ao fundamentalismo e
fanatismo islâmico hostil ao cristianismo, o que não poucas vezes gera
martírio. O Cardeal de São Paulo, Dom Odilo, falou da experiência de fé dos
católicos de São Paulo em celebrar a procissão de Corpus Christi mesmo num dos
dias mais frios do ano e debaixo de intermitente chuva. Tal ato de fé do Povo
de Deus reforça também a fé dos pastores; de fato, ele havia pensado em
cancelar a procissão, mas devido à maciça presença dos fiéis, foi mantida e
realizada conforme a programação.
Os que atenderam a impressa, relaram o grande
interesse da mídia, ao menos no
início, pelo Sínodo. Não só, mas uma pergunta insistente, era: "como a
Igreja reage diante de uma sociedade cada vez mais secularizada e o que fará
para reverter esse quadro, o que a Igreja irá fazer para responder à sede de
valores que muitos hoje demonstram, o que fará para dar resposta aos problemas
humanos, aos jovens desorientados; quais são as soluções para reconciliar
populações inimigas para evitar a guerra, quais são os grandes projetos em
favor da paz...". Ou seja: parece que os próprios jornalistas estavam
traçando a pauta do Sínodo. Sob esse
ponto de vista, a conference press foi
um sucesso!
A oração do Angelus
entoada pelo Papa, que participou o tempo todo, sempre atento e tomando
notas, e o canto do Salve Regina concluíram
esse dia de intenso trabalho sinodal.
Apesar das recomendações sobre o segredo a respeito
do que se trata no Sínodo, quase todo o material aqui veiculado, em poucas
horas podem ser encontrados na Internet. Assim, quem estiver interessado,
poderá acessar o site a seguir, onde encontrará todos os textos em castelhano,
com fotos dos palestrantes e muitas outras informações: http://sinodo2012.wordpress.com/?blogsub=confirming#subscribe-blog
Roma, 08 de Outubro de 2012.
Pe. Luiz Alves de Lima,
sdb
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A SOLENE LITURGIA DE ABERTURA DO SÍNODO
Estou em Roma, no Vaticano, participando da XIII Assembleia dos bispos como assessor; faço parte do corpo de secretários que auxiliam a Secretaria Geral na redação e confecção dos textos. Alguns irmãos e amigos sugeriram que mantivesse comunicação constate. Para isso vou procurar transmitir, através desse meio, as impressões e algum conteúdo que eu possa transmitir, pois há bastante restrição por parte dos Regulamentos do Sínodo. Hoje, dia 07 de Outubro pela manhã, houve a solene Eucaristia presidida por Bento XVI que oficialmente deu início ao Sínodo dos Bispos. Foi uma liturgia daquelas que só no Vaticano pode-se admirar e participar, dada sua magnitude, solenidade, pompa e circunstância. Presentes a maioria dos delegados das Conferências Episcopais, aqueles que foram especialmente convidados pelo Papa, e todo o pessoal de serviço, como é o meu caso (alguns ainda estão chegando). Participavam também muitos cardeais, arcebispos, bispos e oficiais da Cúria Romana. O brilho da liturgia, realizada na Praça São Pedro, era visível quer pela esplendor dos paramentos, quer pela harmonia dos corais, do órgão e da orquestra de metais (me extasiei!). Todos concelebrantes estavam ricamente paramentados: os mais de cem sacerdotes estavam com casula verde, os bispos, arcebispos e cardeais com suas insígnias litúrgicas, como também os inúmeros diáconos. Destacavam-se, pelas cores muito vivas e variedade de formas de paramentos e mitras, os patriarcas e padres orientais, ou os representantes dos vários ritos da Igreja Católica, quer do Ocidente e Oriente. As duas horas e meia de celebração podem ser vistas no site: http://player.rv.va/vaticanplayer.asp?language=it&tic=VA_C6JZYTRH Antes do início da Missa, houve a proclamação, como Doutores da Igreja, de São João D'Ávila (espanhol, séc. XVI) e de Santa Hildegarda de Bingen (alemã, séc. XII), dois santos que, conforme Bento XVI, deixaram marca intensa de fé, em períodos e ambientes culturais bem diferentes e enfrentaram com muito sucesso os desafios da evangelização em suas distintas épocas, e que portanto, tornam-se exemplos para nós. No caso de São João D'Ávila, parece que o Papa quer dar um especial alento e coragem à Espanha que, dentre os países europeus, passa nos nossos dias por séria crise religiosa. Por outro lado, Santa Hildegarda de Bingen, chamada de "profeta teutônica", é a 4a. mulher reconhecida como doutora pela Igreja, depois de Santa Teresa de Ávila, Santa Catarina de Sena e Santa Teresinha de Lisieux. Ela lecionou teologia, foi fundadora de dois mosteiros, escreveu livros de mística e teologia, textos de medicina e análises de fenômenos naturais. Uma coisa que me chamou a atenção foram os constantes avisos para a imensa assembleia (a Praça de São Pedro estava toda tomada) afim de que mantivesse o recolhimento e sobretudo o silêncio, sobretudo após a homilia e a comunhão. Foi edificante sentir o silêncio daquelas milhares de pessoas, sobretudo nos momentos mais significativos da grande celebração. Os textos bíblicos e orações da Missa não foram especiais para essa data, mas sim os do 24o. Domingo do Tempo Comum. A abertura do Sínodo e a comemoração de Nossa Senhora do Rosário (7 de Outubro) foram lembradas nas preces e na homilia. O papa, logo no início da homilia, disse: "Com esta solene concelebração inauguramos a XIII Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, que tem como tema: A Nova Evangelização para a transmissão da fé cristã. Esta temática responde a uma orientação programática para a vida da Igreja, de todos os seus membros, das famílias, comunidades, e das suas instituições". E ainda: "No início desta Assembleia sinodal, devemos aceitar o convite da 2a. leitura de hoje para fixar o olhar no Senhor Jesus, «coroado de glória e honra, por ter sofrido a morte» (Hb 2,9). A Palavra de Deus nos coloca diante do crucificado glorioso, de modo que toda a nossa vida e, em particular, o compromisso desta assembleia sinodal, se desenrole na presença d’Ele e à luz do seu mistério. A evangelização, em todo tempo e lugar, teve sempre como ponto central e último Jesus, o Cristo, o Filho de Deus (cf. Mc 1,1); e o Crucificado é por excelência o sinal distintivo de quem anuncia o Evangelho: sinal de amor e de paz, chamada à conversão e à reconciliação. Sejamos nós, Venerados Irmãos, os primeiros a ter o olhar do coração dirigido a Ele, deixando-nos purificar pela sua graça". Enquanto o Papa falava, eu admirava o grande crucifixo, colocado ao centro e no alto do frontispício da Basílica Vaticana, como um imenso cenário que fazia de fundo a toda celebração. É um chamado urgente ao cristocentrismo na nossa fé e na ação pastoral. O Papa refletiu também sobre o significado da evangelização, missão principal da Igreja, tanto para os povos não cristãos, como hoje, principalmente para povos de antiga cristandade que estão se afastando da fé... e essa é a nova evangelização. "O Sínodo que se abre hoje é dedicado a essa nova evangelização, para ajudar as pessoas a terem um novo encontro com o Senhor, o único que dá sentido profundo e paz para a nossa existência". Referiu-se também ao exemplo dos dois santos declarados doutores. A partir do tema da 1a. leitura e do Evangelho, falou da dignidade do matrimônio, afirmando: "há uma clara correspondência entre a crise da fé e a crise do matrimônio. E, como a Igreja afirma e testemunha há muito tempo, o matrimônio é chamado a ser não apenas objeto, mas o sujeito da nova evangelização. Isso já se vê em muitas experiências ligadas a comunidades e movimentos, mas também se observa, cada vez mais, no tecido das dioceses e paróquias, como demonstrou o recente Encontro Mundial das Famílias". No final da Missa, já no meio dia, Bento XVI ao rezar o Angelus, comentou a festa de Na. Sa. do Rosário e exortou que, no Ano da Fé, todos os fiéis retomem o hábito de rezar o terço diariamente, contemplando os mistérios da vida de Jesus e de Maria. Falou em várias línguas, inclusive em português, aliás, bem pronunciado! Antes e depois dessa solene liturgia, pude me encontrar e trocar idéias com os bispos brasileiros que participarão do Sínodo: Dom Odilo, Dom Sérgio Rocha, Dom Leonardo, Dom Geraldo Lyrio e Dom Beni. O presidente da CNBB, Dom Damasceno, não foi eleito pela CNBB pois pensava-se que seria convocado pelo Papa, o que não aconteceu. Mas ele virá para a abertura do Ano da Fé no próximo dia 11. Termino com as palavras de Bento XVI: "Confiamos a Deus o trabalho do Sínodo com o sentimento vivo da comunhão dos santos invocando, em particular, a intercessão dos grandes evangelizadores, dentre os quais queremos incluir com grande afeto, o Beato Papa João Paulo II, cujo longo pontificado foi também um exemplo da nova evangelização. Colocamo-nos sob a proteção da Virgem Maria, Estrela da nova evangelização. Com ela, invocamos uma especial efusão do Espírito Santo, que ilumine do alto a Assembleia sinodal e torne-a fecunda para o caminho da Igreja, hoje no nosso tempo". Roma, 07 de Outubro de 2012. Pe. Luiz Alves de Lima, sdb